quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Colônia

Na campanha de 2006, a Seleção Brasileira vai passar por três concentrações. Já a torcida vai ficar concentrada o mês inteiro numa só cidade: Colônia. Aqui estarão hospedados pelo menos 5 mil torcedores que compraram os pacotes oficiais comercializados no Brasil.


Não é de hoje que Colônia está acostumada a legiões de visitantes. Desde que os restos mortais dos três Reis Magos foram transferidos de Milão para cá, em 1164, a cidade tornou-se um importante centro de peregrinação. Por isso foi erguida a gigantesca Catedral, a maior construção gótica do mundo, que levou 600 anos para ser concluída. A vista do alto de suas torres de 157 metros é de tirar o fôlego – ou o que sobrou dele, depois que você subiu 550 degraus em espiral.


Colônia é a prova de que não se deve julgar uma cidade apenas pelo seu cartão-postal. Ao contrário de seu símbolo máximo, ela é compacta, alegre e perfeita para caminhar. O Centro Histórico, que começa ao pé da Catedral e se esparrama ao longo do Rio Reno, tem mais bares (e cervejarias e restaurantes) do que a torcida vai ter tempo de visitar. Neles é servida a única cerveja alemã que não esquenta sob o sol de verão – a kölsch, um tipo de cerveja de alta fermentação que parece leve (mas não é). O segredo para a kölsch não esquentar, porém, não está na receita nem no modo de fabricar: está no tamanho dos copos em que é servida. Em vez daqueles canecões ou copázios de meio litro que se vêem Alemanha afora, as cervejas desse tipo são tradicionalmente servidas em copinhos de boca estreita, com capacidade para 200 mililitros. Ou seja: só um pouquinho mais que o nosso chope “garotinho”.


Caminhando na direção oposta ao rio você chega rapidinho à cidade nova – um emaranhado de ruas comerciais, muitas delas exclusivas para pedestres. A rua Schildergasse e a Praça Neumarkt abrigam o comércio mais democrático. A Mittelstrasse e suas transversais, como a Pfeilstrasse, concentram as lojas mais chiques, enquanto a Ehrestrasse é o endereço favorito das marcas de vanguarda. Para jantar, dirija-se ao corredor de restaurantes da Friesenstrasse ou escolha um dos lugarezinhos descolados nos arredores da Praça Rathenauplatz.


Colônia está bem equipada para aplacar o banzo de ficar tanto tempo longe de casa. A primeira coisa que você vai notar é que a caipirinha – ou simplesmente “caipi” – é o drinque da moda (aqui e em toda a Alemanha). Pena que seja preparada de maneira errada: os alemães não amassam o limão com o açúcar; adicionam suco de limão engarrafado, usam gelo picado e às vezes até açúcar mascavo. Deixe para tomar as suas “caipis” no único bar autenticamente brasileiro da cidade, o Café do Brasil, na Wolfstrasse – onde você pode aproveitar para matar a saudade de coxinha, feijoada e moqueca. Existem também duas churrascarias-rodízio, ambas de donos portugueses: a Pantanal (mais antiga) e a Maracanã (aberta em março). Qual a melhor? Aquela onde trabalhar o mineiro Ronaldo, o único garçom de churrascaria em Colônia que sabe cortar uma picanha como se deve. (Até o fechamento desta edição, o nosso Rrrrrrrrronaaaaldo da picanha estava sendo disputado pelas duas casas.)


Depois de visitar os museus (sobretudo as relíquias do Museu Romano-Germânico e a coleção contemporânea do Museu Ludwig, os dois ao lado da Catedral), bisbilhotar as exposições (não perca a mostra de imagens da brasileiríssima revista Placar, no Museu dos Esportes Alemães) e passear de barco (existem cruzeiros pelo Reno e pelo mais distante Mosela, além de rotas de passageiros a Düsseldorf), vai ser difícil resistir à tentação de dar um pulinho nos países vizinhos. Colônia fica a pouco mais de duas horas de trem de Amsterdã e Bruxelas; Paris está à mesma distância que Berlim ou Munique: quatro horas.


Se bem que, a essas alturas, você já vai ter adotado um dos bares com vista para o Reno como o seu botequim oficial. E o garçom já vai ter aprendido a chamar a kölsch de... “schoppinho”.


FICAR


O classudo Im Wassertum (Kaygasse, 2, 2-0080, hotel-im-was serturm.de. Cc: todos. Diárias desde € 180) fica numa torre do século 19; o moderninho Cristall (Ursulaplatz, 9, 1-6300, www.ho telcristall.de. Cc: todos. Diárias desde € 89) tem bons preços ; o funcional Mercure Im Friesenviertel (Friesenstrasse, 44, 1-6140, www.accorhotels.com. Cc: todos. Diárias desde € 82) fica na rua dos restaurantes.


COMER


Na cidade antiga, não perca o haxen (joelho de porco assado), com vista para o Reno, da Haxenhaus (Frakenwerft, 19, 947-2400, www.haxenhaus.de. Cc: todos) e a bratwurst (salsicha de vitela) da clássica bräuhaus Früh am Dom (Am Hof, 12, 261-3211, www.frueh.de). Na Friesenstrasse, curta a happy hour do All Bar One (no número 82, 120-6953. Cc: todos), jante tapas no La Bodega (n0 51, 257-6130, www.labodega-koeln.de. Cc: todos), mate a saudade de sushi no Nara (n0 57, 2-7260) e curta o ambiente da cervejaria Päffgen (n0 64, 13-5461, www. paeffgen-koelsch.de), que está ali desde quando a rua abrigava a baixa boemia. Para uma noitada italiana com música ao vivo, vá à hilária cantina Maca-ronni (Hahnenstrasse, 16, 25-5959. Cc: todos). Na descolada Rathenauplatz, considere o alemão rejuvenescido Feynsinn (n0 7, 240-9210. Cc: todos), o criativo Fischermanns’ (n0 21, 801-7790, www.fischermanns.com) e o bistrô italiano Bagutta (Heinsbergerstrasse, 20, 21-2694). No capítulo churrascarias-rodízio, descubra se o Ronaldo está cortando picanha na Pantanal (Maybachstrasse, 22, Mediapark, 130-1767, www.pantanal-rodizio.de. Cc: todos) ou na nova Maracanã (Friesenstrasse, 55, 789-1822. Cc: todos). O único restaurante autenticamente brasileiro é o Café do Brasil (Wolfstrasse, 6, 340-4965, www.cafedobrasil.org).


PASSEAR


Sinta-se um arqueólogo no Museu Romano-Germânico (Roncallinplatz, 4, 2212-4438, www. museenkoeln.de. € 5) e admire Picassos no Museu Ludwig (Bischofsgartenstrasse, 1, 2212-6165, www.museenkoeln.de. € 7,50). Emocione-se com as fotos de 35 anos da revista Placar. Uma delas (abaixo) é a do centroavante Dario com “três pernas”, de Lemyr Martins (Djalma Dias, atrás, some na imagem). Veja-as no Museu Deutsches Sport (Rheinauhafen 1, 33-6090, www. sportmuseum.info. € 5).


COMPRAR


O suvenir perfeito da cidade é a água-de-colônia original da 4711 (Glockengasse, 4711, 925-0450, www.4711.com. Cc: todos. Desde € 5). E não há nada como peruar na Apropos, que representa todas as grifes chiques, tem um lounge e um restaurante – ou seja, é a Daslu de Colônia (Mittelstrasse, 12, 272-5190, www. aprpos-coeln.de. Cc: todos).


• O código telefônico de Colônia é (0) 221

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