quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Stuttgart

Stuttgart vive em diferentes ritmos. Seja nas batidas do hip hop, seja nos passos de balé, a capital de Baden-Württemburg, região mais turística da Alemanha junto com a vizinha Bavária, se encontra nessas diferenças. As construções de estilo barroco e renascentista convivem lado a lado com projetos minimalistas e ultramodernos. É famosa pela sua companhia de balé e por sua ópera, mas abriga também todo ano um festival de hip hop. Os vinhos produzidos na região são tão aguardados quanto os últimos modelos lançados pelas montadoras locais Mercedes Benz e Porsche. Explorar as possibilidades dessa cidade cheia de parques é uma delícia.


A pequena feira de flores que ocorre na Schillerplatz é o ponto de partida ideal para uma caminhada pela cidade. A estátua de um pensativo e cabisbaixo Friedrich Schiller, o grande poeta romântico alemão nascido na região, testemunha três vezes por semana esse colorido mercado. Lá se encontram belas marcas da Stuttgart antiga. Como a igreja protestante Stiftskirche, de estilo gótico tardio, erguida no século 16 sob as ruínas de uma basílica romana do século 12. Suas duas torres, que os guias chamam de “gêmeas”, são de estilos diferentes – uma marca singularíssima. Por lei, nenhuma construção de Stuttgart pode superar os 61 metros das torres. Na mesma praça está o Palácio Antigo (Altes Schloss), de estilo renascentista alemão do século 16, casa dos primeiros condes e duques de Württemburg. A estátua do duque Eberhard, fundador da Universidade de Tübingen, se destaca. Hoje o palácio abriga o museu nacional de Württemburg, que conta a história da região através de objetos de uso pessoal e moedas.


Poucos passos mais e chega-se ao coração da cidade: a Praça do Palácio (Schlossplatz). Ali está o Palácio Novo (Neues Schloss), mais imponente que seu vizinho da Praça Schiller. Neoclássico e de clara influência francesa, revela em quem se mirava a corte da região ainda no século 19, pouco antes da unificação alemã levada a cabo por Bismarck.


A Praça do Palácio é um belo lugar, especialmente nos dias ensolarados, para uma sesta à alemã. Na parte oposta, o Edifício Real, de estilo clássico, serve como grande centro comercial. Ao seu lado, o recém-inaugurado Museu de Arte de Stuttgart desperta a curiosidade dos passantes. O formato minimalista de seu prédio, um grande cubo de vidro transparente, já virou referência arquitetônica na cidade. À noite, iluminado, o museu parece flutuar sobre a praça. Outro ponto alto da arquitetura de Stuttgart é o prédio pós-modernista da Nova Galeria do Estado. Foi projetado pelo britânico James Stirling para abrigar quadros de pintores alemães, além da maior coleção de Picasso no país.


A torre de televisão é um dos símbolos da Stuttgart moderna. Com 217 metros de altura, café, restaurante e uma perfeita vista para a cidade, é a primeira em seu estilo em toda a Alemanha. Passa por reformas para estar nos trinques em 2006. A modernidade também está expressa pelas grandes montadoras locais. A Mercedes-Benz tem um belo museu para exibir seus modelos, que passa agora por enorme ampliação. Quando estiver pronto, em 2006, terá 15 andares e será o maior dessa temática no mundo. A Porsche também tem planos de ampliação de seu museu. Hoje, na periferia da cidade, ela exibe cerca de 20 de seus belos e esportivos carros.


Os arredores cheios de parques de Stuttgart contribuem para uma estada ainda mais agradável. Os vinhedos, que se aproximam da área urbana, os banhos de água mineral, um zôo excepcional e o jardim botânico são grandes atrações. Construído entre os anos de 1842 e 1853, o zoológico tem mais de 9 mil animais de cerca de mil diferentes espécies. No jardim botânico, as coleções de orquídeas e as demais plantas tropicais chamam atenção. Durante todo o ano, mesmo no inverno, as três nascentes de água mineral, um verdadeiro patrimônio de Stuttgart, são muito freqüentadas. Explica-se: elas formam piscinas de água quente, com temperaturas acima de 18 graus. Além dessas piscinas, jorra água de 19 fontes públicas.


Aproveitar as atrações naturais de Stuttgart no verão é um dos principais programas da brasileira Sílvia Rosa, 26 anos, quatro na cidade. “Adoro quando a temperatura sobe”, diz ela. Os parques e biergartens ficam lotados, e a cidade ganha uma atmosfera que me lembra o Brasil.” Bonita, Sílvia foi a mais fotografada no meio da torcida da Seleção durante a Copa das Confederações. É ela quem aparece na imagem que abre esta revista, na seção “Willkommen”.


Stuttgart celebra o vinho no verão, durante duas semanas, especialmente ao longo do Rio Neckar, que corta o município, onde ficam as plantações. E, claro, durante todo o ano, as biergartens permanecem cheias. Em setembro, a cidade realiza sua própria Oktoberfest, antes de Munique. A população de Sttugart sabe viver.


Coração de estudante


Um magnífico castelo e a universidade mais antiga do país na medieval Heidelberg


As duas construções mais importantes de Heidelberg – uma universidade e um castelo – definem bem o espírito dessa linda cidade medieval. Um dos destinos mais românticos da Alemanha, tem a universidade mais antiga do país. Por isso, essa cidade à beira do Rio Neckar é um paraíso para aqueles que são maioria em suas ruas: estudantes e turistas. Comece sua jornada por aqui subindo o morro para ver a atração principal, o Schloss Heidelberg. Os ônibus 11 ou 33 (€ 1) chegam até a Kornmarkt, de onde se caminha por uma das trilhas até o alto: 315 degraus de escada ou uma rampa bem íngreme. Quem preferir pode tomar o teleférico (€ 8, ida e volta até o ponto mais alto). Não suba esperando encontrar um palácio luxuoso: o castelo foi construído ainda no século 13 como uma fortaleza para abrigar os familiares de Karl Ludwig – membro da família real da Bavária, os Wittelsbach. Depois disso, foi destruído na Guerra dos 30 Anos, atacado pelas tropas de Luís XIV, novamente atingido e saqueado na Guerra Palatina e ainda incendiado por um raio no final do século 18. Dá para entender por que boa parte do prédio está em ruína.


Depois de subir os 192 metros até a entrada, a única visita gratuita é a dos belos jardins. No entanto, vale a pena pagar € 3 e cruzar o portão. Logo depois de entrar no edifício principal do castelo, à direita, você pensará estar vendo um enorme tonel de vinho. Não se engane: esse é o Kleines Fass (“Pequeno Tonel”). Siga até a loja que vende garrafas de vinho riesling personalizadas, com a foto do castelo, e aí sim. Lá está o Grosses Fass (“Grande Tonel”), mastodonte que comporta 221,276 litros. Atrás fica o terraço, de onde se tem uma vista espetacular do Rio Neckar e da cidade. O ingresso dá direito ainda a entrar no curioso Museu Alemão da Farmácia. Para conhecer os cômodos e aprender a história do castelo, faça uma visita guiada (€ 3,50, em inglês ou alemão). No www.cvb-heidel berg.de, informe-se também sobre espetáculos musicais e as queimas de fogos, que acontecem de junho a agosto, durante o Festival do Castelo de Heidelberg.


O centro de Heidelberg está bem perto da Kornmarkt. A deliciosa região da Marktplatz leva até a Alte Brücke (“Ponte Velha”), ao lado da qual está o Hotel Goldener Hecht (06221-536-889), famoso por ter recebido Victor Hugo, Mark Twain e quase, mas só quase, ter tido Goethe como hóspede. O poeta alemão cita o hotel em uma carta à sua mãe, dizendo que o encontrou lotado. Atravesse a Alte Brücke e suba pelo Philosophenweg (“Caminho dos Filósofos”), uma passagem entre bosques que termina em uma plataforma com uma vista deslumbrante.


De volta à Cidade Velha, siga a oeste pela Hauptstrasse até a Augustinergasse. O número 2 recebe o Studentkarzer (“Cárcere Estudantil”), local lúgubre onde, entre 1778 e 1914, trapaceiros, gazeteiros, mulherengos e afins eram trancafiados durante dias para expiar seus pecados. O interior está mantido intacto, com as paredes forradas de pichações. A entrada, que também dá direito ao Museu da Universidade, custa € 3.


COMO CHEGAR


Há três trens que ligam Stuttgart a Heidelberg. O tempo de viagem varia entre 41 min e 1h01 e o preço, entre €20 e € 26. De carro, saia de Stuttgart pela A14. Heidelberg está 120 quilômetros a nordeste.


Beira-rio


O Estádio de Stuttgart, capital regional e cidade famosa por sua indústria automobilística, sede de empresas como Porsche e Mercedes-Benz, chama-se apropriadamente Gottlieb Daimler, o inventor do motor a gasolina. Ainda passa por reformas, para dar maior conforto a 54 mil espectadores. Já é a quarta reformulação do antigo Neckarstadion (Neckar é o rio que corta a região), construído ainda nos anos 30. Após ter sido reformado em 1973 para brilhar no primeiro Mundial na Alemanha, foi considerado o estádio mais bonito do país. Foi a primeira arena que contava na tribuna central com um teto flutuante, sem pilares para atrapalhar a visão de quem estivesse no setor. Receberá seis jogos na Copa do ano que vem, o mais importante deles a decisão de terceiro e quarto lugares.


O clube da região, o VFB Stuttgart, é simpático como o seu estádio. Bicampeão da Bundesliga (1984 e 1992), encantou os torcedores alemães nas últimas três temporadas, exibindo um futebol ofensivo. Terminou o campeonato de 2004/2005 em quinto lugar. Nessa competição revelou o atacante Kevin Kurany, um dos destaques da seleção nacional. Antes de Kurany, que nasceu no Brasil e naturalizou-se alemão, outros brasileiros fizeram grande sucesso no Stuttgart. Caso de Dunga, o capitão da seleção do Tetra (e sinônimo do futebol de “pegada” daquela equipe), e do atacante Elber. Elber, aliás, é o maior artilheiro estrangeiro da Bundesliga, com 133 gols. Ele pode aumentar sua marca, pois joga a temporada 2005/2006 pelo Borussia Monchengladbach. Prometeu celebrar alguns de seus gols de uma maneira bastante inusitada: ficando pelado em campo.

Nenhum comentário: