quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Transiberiana

Alguns sonham em conhecer a Disneylândia, outros o Caribe. Os mais aventureiros e ousados arriscam-se em viagens fantásticas para destinos incomuns. Esse foi o caso do brasileiro Ricardo Dias, que decidiu percorrer a mítica estrada de ferro Transiberiana. Saiu de Moscou, atravessou os Montes Urais, passou pelo lago Baikal, cruzou a fronteira até a Mongólia e seguiu rumo à Pequim em uma aventura de 30 dias.

Decidido a fazer a viagem sem o suporte de uma agência, Ricardo foi atrás do maior número possível de informações antes de pôr o pé na estrada. Como a viagem era um sonho antigo, inspirada nas leituras de Fédor Dostoiévski, Ricardo teve tempo para prepará-la detalhadamente.


Descobriu, por exemplo, que na Rússia, principalmente no interior do País, não seria fácil estabelecer uma comunicação em inglês. Resolveu então aprender russo. Estudou durante um ano a língua de Dostoiévski. Entendê-la parece uma tarefa impossível, já que a língua russa tem sua raiz no alfabeto cirílico e para nós, latinos, parece somente um amontoado de símbolos sem sentido. Para quem quer viajar sozinho, no entanto, é inevitável aprender aquelas velhas expressões básicas de qualquer viajante: "Onde pego o trem?", "Obrigada", "Quanto custa?" e, é claro, o tradicional "Desculpe, não estou entendendo".


Aprender a língua ajudou, mas também criou situações complicadas. Ricardo chegou à Rússia pouco depois dos atentados de Beslan e imediatamente foi confundido pela polícia com um checheno, o brasileiro foi logo apresentando o passaporte e explicando, em russo, o que estava fazendo ali. Tamanha desenvoltura causou suspeita da polícia e ele precisou de muita lábia, desta vez em inglês, para convencer o policial que ele era apenas um turista brasileiro. Nas outras nove vezes em que foi parado pela polícia não se arriscou e respondeu tudo em inglês.


Na Mongólia e na China, o bom e velho inglês ajuda na comunicação básica. Algumas dicas da cultura local são boas para não cometer gafes. Na Mongólia, por exemplo, não se bate na porta ao chegar, grita-se: "Segura o cachorro". Esse animal, aliás, é o preferido dos mongóis. Eles estão por toda parte e há até estátuas de pedra homenageando-os. Ao contrário dos russos, que são mais fechados, os mongóis são amáveis e receptíveis com os forasteiros.


Na China, tudo surpreende. Como chegou durante um feriado nacional de uma semana, Ricardo comprovou com seus próprios olhos que os chineses realmente são muitos e que grande parte deles estava nas ruas aproveitando os dias de descanso.

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