quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Munique

Rústica ou sofisticada? Cosmopolita ou provinciana? Beba uma helles (ouuma weissbier) antes de responder


Se existe uma cidade que corresponde à Alemanha que temos na cabeça, essa cidade é Munique. E, se existe um lugar que tem tudo que esperamos de Munique, esse lugar é a Hofbräuhaus. Fundada em 1589, a Hofbräuhaus (diga: rôf-brói-raus) é uma espécie de mãe de todas as cervejarias. Está tudo ali: os homens crescidos vestindo calças curtas com suspensórios; as garçonetes robustas que carregam de oito a dez canecões de chope sem o auxílio de bandejas; a bandinha tocando polcas de Oktoberfest.


Munique não é só isso, claro, mas cumprir essa parte do script, além de divertido, é necessário, caso você queira passar à próxima fase. Comece, pois, por ali. Desembarque na Estação Central e pegue o calçadão da Neuhauser Strasse. Quando passar pela Praça Marienplatz, dê uma paradinha para admirar a fachada da Prefeitura, a Neues Rathaus. Se forem 11 da manhã (ou meio-dia, ou ainda 5 da tarde), junte-se à multidão e empine o queixo, para assistir aos bonecos da fachada executarem sua dancinha ao som de sinos de caixinha de música. Continue caminhando, e uma força maior acabará levando você até a Hofbräuhaus. Não se espante se o garçom responder ao seu pedido de “Ein bier, bitte” com uma pergunta. O que ele precisa saber é se você quer uma helles (a cerveja convencional) ou uma weissbier (feita de trigo, mais encorpada, típica da Baviera).


Pronto. Saciada a sua sede de folclore, você pode se perder um pouquinho pela cidade antiga. Em alguns lugares você vai se sentir como numa cidadezinha do interior. Em outros, porém, como na região da Maximilianstrasse, Munique não vai conseguir esconder que é uma cidade rica e sofisticada.


Saia do centro pela Leopoldstrasse, a avenida que leva ao bairro de Schwabing, de tradição boêmia, freqüentado por estudantes e artistas. Ao passar pelo Arco da Vitória, pegue qualquer uma das ruas à sua direita, e você vai chegar ao Englischer Garten – o parque que é o pulmão, a sala de estar e a praia de Munique. Ali, ao pé de um pagode conhecido como Torre Chinesa (Chinesische Turm), fica o maior biergarten da cidade. Querendo pegar um bronze, é só procurar a área designada para banho de sol ali perto. Esqueceu a roupa de banho? Não tem problema. O nudismo (ou FKK: “cultura do corpo livre”) é liberado.


Mas será que Munique não tem algum programa que não envolva cerveja? Claro que tem. Suas duas pinacotecas – a Antiga e a Moderna – são imperdíveis. E mesmo quem não é muito fã de museu vai se encantar com o Deutsches Museum, o melhor do mundo especializado em engenharia, com áreas dedicadas à aviação, aos automóveis, aos trens e à navegação espacial.


A exemplo de Berlim, Munique é uma cidade que requer dois ou três dias para uma visita minimamente bem-feita. Se você vier somente no dia do jogo do Brasil, um domingo, vai pegar o comércio e os mercados de portas fechadas. E, como o jogo é cedo (às 6 da tarde), você vai acabar indo da Hofbräuhaus direto para o estádio. Venha na véspera ou fique na cidade mais uns dias. E descubra que Munique é como a Alemanha que você tinha na cabeça – e muito mais.


Os robôs


Eles fazem música com o padrão de respiração de ciclistas ou deslocamento de carros numa estrada. Se o gênero eletrônico tem um pai, ele é o Kraftwerk, a banda de Dusseldorf que em 1974 lançou seu primeiro LP, Autobhan. Terminam suas raras apresentações pelo mundo com quatro robôs no palco cantando o clássico refrão “We are the robots”.


Anjo loiro


Depois de viver Lola, em O Anjo Azul, a atriz berlinense Marlene Dietrich partiu para o exílio americano, a despeito das mesuras de Hitler, que a queria de volta. Ela preferiu animar as tropas aliadas.


Luta inglória


A edição e a venda do livro Mein Kampf (“Minha Luta”), de Adolf Hitler, são proibidas na Alemanha desde 1945. Em 1979, a Houghton Mifflin comprou os direitos de tradução. Desde então, a editora americana vende 15 mil exemplares por ano, e destina a renda à caridade.


FICAR


Perto da Estação Central, fique no elegante Anna Hotel (Schützenstrasse, 1, 59-9940, www.anna hotel.de. Cc: todos. Diárias desde € 165) ou no alternativo Creatif Hotel Elephant (Lämmerstrasse, 6, 55-5785, www.creatif-hotel-elefant.com. Cc: todos. Diárias desde € 60). O pequeno Astoria (Nikolaistrasse, 9, 383-9630, www.astoria-hotel-muenchen.de. Cc: todos. Diárias desde € 110) está perto do Englischer Garten.


COMER


Bata ponto na Hofbräuhaus (Platzl, 9, 2901-3610, www.hofbrauehaus.de. Cc: Ae, Mc, V), mas não perca a weisswurst (salsicha branca da Baviera; não se esqueça de tirar o invólucro) com mostarda doce da Zum Franziskaner (Residenzstrasse, 9, 231-8120, www.zum-franziskaner.de. Cc: todos). Em Schwabing, o pequeno Steinheil 16 (Steinheilstrasse, 16, 52-7488. Cc: Mc, V) serve os maiores schnitzels de Munique; o italiano Bei Mario faz você se sentir na Zona Leste de São Paulo (Adalbertstrasse, 15, 280-0460. Cc: Mc, V); e o japonês Fujikaiten (Münchner Freiheit, 4, 3866-6766, www.fuji-089. de. Cc: Mc, V) tem rodízio de sushi. O bom brasileiro da cidade é o bistrozinho Ver-o-Peso (Rosenheimer Strasse, 14, 4449-9799, www.veropesobar.de. Cc: Mc, V), que faz caipirinhas com cachaças de Santa Catarina.


PASSEAR


Apesar das belíssimas pinacotecas, a Antiga (Barer Strasse, 27, 2380-5216, www.pinako thek.de. € 5,50) e a Moderna (Barer Strasse, 40, 2380-5360, www.pinakothek-der-moderne. de. € 9,50), há quem diga que a grande arte dos alemães está no científico Deutsches Museum (Museuminseln, 1, 2-1791, www.deutschesmuseum.de. € 8,50).


• O código telefônico de Munique é (0) 89

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