quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O transporte de animais em trens e navios também segue normas?

16 Dicas que vão fazer de suas malas um

peso a menos em qualquer viagem


POR DANIELA DE LACERDA

ILUSTRAÇÕES DE SÍRIO BRAZ

1 - Vou viajar de avião. Quantos quilos posso carregar?

Tudo depende do seu vôo. Se for dentro do território brasileiro, a bagagem será avaliada por peso. De acordo com o Departamento de Aviação Civil, DAC, um passageiro de vôo doméstico pode despachar até 20 quilos (ou 30 quilos, se viajar em primeira classe). Exceção? A Vasp. Como não tem primeira classe, a empresa permite que o cliente de sua classe executiva transporte até 30 quilos. Em vôo regional, não adianta chorar: esse limite cai para 10 quilos por passageiro. Agora, se a viagem for internacional, a maioria das empresas aéreas segue as regras do piece concept. Nesse sistema, o que vale é o número de peças. Você pode carregar dois volumes, cada um com até 32 quilos. Mas, atenção! A soma da altura, do comprimento e da largura de cada uma das peças deve atingir no máximo 158 centímetros.


2 - Bagagem de mão também tem o peso controlado no avião?

A regra é precisa: são 5 quilos de bagagem de mão (ela deve ter no máximo 115 centímetros, se somados o comprimento, a altura e a largura). Cadeira de rodas desmontável, berço portátil e muletas podem ser transportados junto de você sem estarem incluídos nesse peso. Se tiver cartão de milhagem, confira na empresa aérea quais são os privilégios (eles existem e dizem respeito não apenas ao tipo de bagagem). Quanto ao seu conteúdo, encontre espaço para uma muda de roupa e artigos de higiene pessoal (lembre-se de que a mala principal corre o risco de não alcançá-lo no desembarque…). Mais: não se separe do que tem valor afetivo. "A sanfona de oito baixos vai sempre ao meu lado", conta Hélder Vasconcelos, da banda Mestre Ambrósio. "Não suportaria encontrá-la danificada na esteira de bagagem!"


3 - Devo despachar um objeto frágil?

Utilizar o serviço de carga da própria empresa aérea significa gasto, mas ele inclui seguro contra acidentes ocorridos durante o transporte. Caso resolva carregar um objeto delicado como bagagem de mão, tome todo cuidado em protegê-lo (nas Páginas Amarelas, você vai encontrar empresas especializadas em embalagem). Se for um quadro, por exemplo, deve ser acondicionado em uma caixa de madeira lacrada. Você resolveu despachá-lo junto das malas? Bem, é preciso fazer um exame rigoroso, logo após retirar o objeto da esteira. Em caso de avaria, procure o DAC (há sempre um posto no aeroporto) e registre sua queixa. A publicitária Viviane Santa Rosa ainda hoje lamenta não ter sabido agir contra a quebra do vaso de cerâmica que despachou por avião: "Só descobri o problema ao abrir o embrulho em casa". Como não deu queixa no aeroporto, Viviane perdeu o direito de exigir indenização da empresa aérea.


4 - O que pode acontecer, se a bagagem tiver vários quilos a mais?

Dá até para tentar o embarque, se o excesso for mínimo. Enquanto aguarda a sua vez no check-in, comece a rezar para ser atendido por um funcionário simpático... Mas não abuse da sorte. Peso demais compromete a segurança do vôo e as empresas sentem-se à vontade para cobrar caro pela infração. Só para dar uma idéia do 'rombo', o vôo Fortaleza-Porto Alegre tem tarifa integral de 816 reais, se for pela Vasp. Ela cobra 1% desse valor por cada quilo extra de bagagem. E, mesmo que você esteja disposto a pagar uma fortuna, nada garante que as malas serão despachadas. A professora Ângela Damiano, que mora em Roma há oito meses, tirou férias para visitar a família em Londrina, no Paraná. No retorno à capital italiana, quis embarcar com 100 quilos entre roupas e livros. Em vão. "O avião estava lotado e ninguém da companhia nem sequer pensou em me apresentar a conta pelo excesso", lembra. "A maior parte das malas só chegou três dias depois, em outro vôo."


5 - A bagagem de uma criança segue as mesmas regras de peso no avião?

Até 2 anos incompletos, criança paga 10% da tarifa normal e não tem direito a bagagem (salvo o carrinho de bebê). Entre 2 e 11 anos, a passagem aérea custa 50% do valor e dá direito à metade dos quilos permitidos a um adulto. A partir de 12 anos, o passageiro paga preço idêntico ao do adulto e pode carregar a mesma bagagem. A lei é essa, mas as empresas às vezes dão um 'jeitinho'. A médica oftalmologista Nara Galvão conta que, em um vôo da Varig, entre o Recife e Miami, sua filha Maria Clara, de 3 anos, teve direito ao mesmo número de quilos de um adulto . "Pude levar tudo o que queria", comemora.


6 - Posso transportar a minha prancha de surfe no avião? E também a bicicleta?

O que foi explicado em relação a objetos frágeis também vale para o transporte de artigos de grande volume. Para despachá-los como bagagem comum, procure os especialistas e faça uma embalagem adequada. Agentes de viagem, com tradição no atendimento a esportistas, também podem ajudar. São eles que chamam a atenção para o principal problema desse tipo de bagagem: há empresas aéreas que cobram uma taxa extra para despachar o material, ainda que ele não implique excesso de peso para o passageiro. É o caso da Jal, que em vôos para os Estados Unidos, exige o pagamento de 43 dólares pelo transporte de uma prancha de surfe. Mas esse transporte é gratuito na Varig, caso o peso total não ultrapasse 30 quilos.


7 - O que NÃO posso transportar em uma viagem de avião?

O professor de capoeira Fábio Nascimento chegou feliz da vida ao aeroporto de Toronto, no Canadá, carregando um berimbau no ombro. A alegria terminou na hora de embarcar num vôo doméstico: a polícia canadense entendeu que o berimbau era uma arma - e o instrumento musical ficou retido vários dias. Já o publicitário Fernando Lima teve a bagagem de mão apreendida por um policial da então Alemanha Oriental por causa da… tesourinha de unha! Exageros ocorrem nos aeroportos do mundo inteiro. Cabe a você evitar ser a próxima vítima. Produtos corrosivos, materiais explosivos e armas brancas (canivete, por exemplo) são artigos proibidos. Para saber mais, consulte o site do DAC (www.dac.gov.br) e informe-se sobre o que não pode ser transportado no avião.


8 - Posso levar (ou trazer) produtos perecíveis dentro da aeronave?

Imagine a mala com roupas, livros e um pacote… de buchada! Pois foi o que despachou um passageiro da Vasp, em Fortaleza. Ao retirar a bagagem em São Paulo, ele não apenas constatou que a comida estava estragada como também tinha manchado todo o conteúdo da mala. Já o aposentado Antero de Souza embarcou em Budapeste, na Hungria, com um salame acomodado na bagagem de mão. O destino era São Paulo, mas ele fez escala em Nova York. Na alfândega americana, viu o salame ser triturado por uma máquina, sem piedade. Antero chorou de raiva. Você? No site da Receita Federal www.receita.fazenda.gov.br), consulte a seção chamada Legislação Tributária e Aduaneira - Bagagem. Só então prepare a mala.


9 - Perdi a minha mala durante um vôo. O que devo fazer?

Você precisa preencher o Registro de Irregularidade de Bagagem, RIB, junto à empresa aérea que utilizou. Nele, vai descrever a forma e o conteúdo da mala e informar o número e o destino do seu vôo, além dos dados pessoais para contato. O procedimento é burocrático, mas entenda que esse é o documento que dá início ao rastreamento de sua bagagem. Agora, se sua mala não for encontrada após alguns dias, você tem direito a ser ressarcido. As regras, estabelecidas pela Convenção de Varsóvia, determinam 20 dólares por quilo, independentemente do conteúdo da mala. O cálculo leva em conta o limite de bagagem para vôos nacionais (20 quilos, ou seja, um reembolso máximo de 400 reais) e internacionais (duas malas, de 32 quilos cada uma, o que alcança a indenização total de 640 dólares, por peça).


10 - Que roupa eu visto se minha mala sumiu?

Não há lei que obrigue uma empresa aérea a dar ajuda de custo para despesas pessoais em caso de extravio de bagagem. A advogada Krysia Ávila de Oliveira viveu esse transtorno na pele. Ao lado do marido, ela voou de Brasília para Porto Alegre em um avião da TAM. A viagem foi tranqüila, mas as malas não apareceram. Pior: além das informações desencontradas sobre o paradeiro da bagagem, os funcionários da TAM se recusaram a dar algum dinheiro ao casal a título de compensação. A situação só foi resolvida dois dias depois, com a entrega das malas. De volta a Brasília, Krysia apresentou à TAM notas comprovando gastos de 554 reais. Ela estava disposta a recorrer à Justiça para reaver o dinheiro. Não foi preciso. "Em menos de dez dias, a TAM pediu desculpas e depositou o valor solicitado na minha conta bancária", relata.


11 - Como consigo reduzir o risco de perder minha bagagem?

Ser cauteloso é sempre um trunfo. Você pode fazer um seguro-viagem que ofereça cobertura para o que pretende levar (algumas empresas oferecem um seguro-bagagem de até 6.000 dólares). Além disso, você pode adotar medidas simples mas eficientes, antes de embarcar. Retire da mala qualquer adesivo referente a outros vôos. Identifique a bagagem com nome, telefone e endereço tanto fora como dentro. Prenda fitas coloridas na alça de mão - elas facilitam a localização da mala na esteira. Confira os dados que indicam o destino da bagagem na etiqueta emitida durante o check-in. E, o mais importante, chegue cedo ao aeroporto. Por se ter atrasado para o embarque de um vôo entre Nice e Zurique, o publicitário Fernando Lima mal teve tempo de entrar no avião. As portas logo se fecharam, mas ele ainda conseguiu ver, parado na pista, o carrinho que trazia sua bagagem. Levou três dias para reavê-la.


12 - O transporte de animais em trens e navios também segue normas?

Boa parte das companhias férreas do Velho Continente permite que os passageiros viajem ao lado de seus cães. Para tanto, basta que usem focinheiras ou estejam acomodados em gaiolas. O dono paga 50% do bilhete de segunda classe pelo transporte do animal. Quem desrespeitar a regra e for flagrado pelo chefe do trem, pode ser obrigado a descer na primeira estação. Quanto às viagens marítimas, o embarque de animais é proibido na maioria dos casos. Menos no navio Queen Elizabeth II, da Cunard Line. Ele criou um compartimento para acomodar gatos, cães e pássaros. No cruzeiro Londres-Nova York, um cachorro paga 500 dólares.

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